PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL:
DANIELA CORRÊA SIQUEIRA
Licencianda em Letras pela UFRJ
dani_csiq@hotmail.com
Historicamente, sabemos que
a educação sempre enfrentou muitas dificuldades no Brasil. No passado sofria
com as políticas educacionais implementadas pelos governos militares, que
tinham sua orientação voltada para o favorecimento do setor privado e uma
constituição que não abraçava a todos os membros da sociedade. No presente,
apesar de já termos leis mais bem elaboradas, ainda sofre com o não cumprimento
das mesmas ou com planejamentos educacionais que visam um longo prazo,
centralizados com técnicas voltadas para eles, mas que não se enquadram nas
politicas educacionais, pois as mesmas, mudam rapidamente, levando assim à uma
avaliação à curto prazo, resultando na impossibilidade
de avaliar o que se tem de bom ou de ruim. Diante desse quadro, podemos
observar que perante as dificuldades enfrentadas pela educação no Brasil, o
planejamento educacional é visto com ceticismo não somente pela imprensa, mas
também por muitos especialistas da educação, principalmente professores.
Em
uma entrevista concedida à revista Presença
Pedagógica, Luiz Antônio da Cunha, especialista em política educacional afirma
que “a descontinuidade impede a avaliação
das politicas públicas e gera atitudes conservadoras na sala de aula”. Presença
Pedagógica, Novembro/Dezembro 1995. O
impedimento dessa avaliação em longo prazo faz com que na imprensa nacional,
muito se comente sobre a urgência da Educação: “Prioridade em qualquer discurso de quase
todos os políticos brasileiros, a educação ainda não é tratada com a urgência
que deveria conduzir a votação de leis que pautem a ação do poder público no
sentido de promover avanços consistentes, principalmente na qualidade do
ensino.” Correio Brasiliense, 29/05/2013.
Esses avanços consistentes são transmitidos pelo discurso
jornalístico como uma ideia de planejamento baseado em resultados. Tal visão de
planejamento está atrelada a um viés administrativo, ou seja, a um “gerencialismo”
no qual o Estado é responsável pelo controle e funcionamento dos rendimentos,
sendo que a Educação, ou qualidade de ensino, passa a ser visto como um
rendimento, isto é um produto.
Produto que gera lucro e que é muito visado hoje em dia e não é
por acaso que, como afirma Luis Antônio da Cunha, desde os anos 90,
“hoje a prioridade da educação está
incorporada ao discurso de todos os partidos. Mas a população não confia na
efetividade do poder público”.
Essa
desconfiança ocorre pelo fato que o poder público centraliza o poder de tal
forma que gera uma sociedade pautada no isolamento da população. Além disso,
temos também atrelada a concepção de administração, a perspectiva de que é
possível controlar a realidade e que através do planejamento e das concepções
de planos que foram inaugurados, o sistema Educacional comporte-se conforme previsto, sem levar em
conta as frequentes alterações nas políticas educacionais.
Diante
dessas analises cabe-se concluir que a visão da imprensa é muito tendenciosa,
já que a mesma e elabora e transmite a ideia de planejamento atrelada à ideia
administrativa (muitas vezes clássica) e que no Planejamento Educacional, deve
ser levado em conta à realidade política e a capacidade que o Estado tem que
ter para colocar em pratica as políticas públicas e o que foi planejado para as
mesmas. Contudo diante de uma política de “zigue-zaque” e de tantas alterações
é possível que tudo seja analisado, chegando a uma solidificação, como por
exemplo, as sequencias em series, mas para isso é necessário um longo período
de implantação das medidas planejadas.
Referencias Bibliográficas
CUNHA,
Luiz Antonio. Os males do ziguezague. Presença Pedagógica, Nov/Dez 1995.