Este Blog objetiva publicar as reflexões de estudantes da UFRJ sobre Educação, como parte do Projeto de Extensão Políticas Educacionais na Imprensa Brasileira(Encerrado em 2018.1. Contato: ufrj.proedes@gmail.com ou armando.arosa.ufrj@gmail.com. O projeto de Pesquisa Políticas Públicas, produção de conhecimento e discurso jornalístico, interface com o presente projeto de extensão, contou com apoio do CNPq.
6 de abr. de 2013
Educação, Competição e Dinheiro: uma breve resenha sobre a distribuição do jogo Banco Imobiliário nas escolas do município do Rio de Janeiro.
Wagner Miquéias F. Damasceno 1
A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou a produção e distribuição de uma versão do jogo Banco Imobiliário: Cidade Olímpica. Nesse jogo, o cenário da competição financeira é a cidade do Rio de Janeiro, e as aquisições são obras da atual gestão do prefeito Eduardo Paes, tais como Clínica da Família, Museu do Amanhã, Bairro Carioca, entre outras.
Ao custo de 1.050.748 reais, por cerca de 20 mil jogos, a Prefeitura do Rio de Janeiro pretende distribuir “gratuitamente” em todas as escolas da cidade e também serão distribuídos como premiação para alunos que atingirem um bom desempenho nas avaliações do município e na Prova Brasil.
Em nota, a Prefeitura esclarece que "O Banco Imobiliário é um jogo clássico, com diversas edições especiais, entre as quais a 'Cidade Olímpica', que vai divulgar o Rio de Janeiro, cidade que será sede dos principais eventos internacionais nos próximos anos" (JORNAL DA CIDADE, 2013).
Vale destacar que no portal da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Educação não há nenhuma informação a respeito da compra do jogo.
De fato, não se pode negar que a atual prefeitura tem seu quinhão de coerência. Afinal, há muito tempo governam o Rio de Janeiro como uma atividade empresarial. Pondo de lado, o gasto exorbitante de mais de 1 milhão de reais na compra desses jogos – que está sob análise da Câmara de Vereadores –, há de se questionar o papel educativo do Banco Imobiliário.
Criado na década de 1930 nos Estados Unidos como Monopoly, o Banco Imobiliário é a versão brasileira da fabricante Estrela. O objetivo do jogo é que somente um jogador sagre-se vencedor, acumulando bens e dinheiro e levando os adversários à falência. Neste jogo, cada jogador começa recebendo uma quantia fixa em dinheiro e cartas de propriedades que são distribuídas aleatoriamente. Cada propriedade possui valores de compra diferentes. Algumas são mais caras do que outras e, com construções de casas e hotéis, podem gerar grandes rendimentos para seu proprietário.
A lógica do jogo é simples: vence aquele que souber investir e negociar melhor (contando, claro, com algumas pitadas de sorte). Sua dinâmica é mais simples ainda: o jogo sempre caminha para o monopólio.
A empatia da Prefeitura do Rio de Janeiro com o espírito desse jogo é tamanha que quis personalizar uma versão de si, para si, e para os guris das escolas municipais. Num momento onde o grande capital financeiro subordina o capital funcionante a seus desígnios, a competição torna-se cada vez mais acirrada:
O espaço da circulação é um campo de guerra, de infinitas batalhas, de estratégias e segredos, táticas e artimanhas; onde se mata e se rouba; onde os vitoriosos são apenas aqueles que conseguem transformar (pela venda) o valor excedente não pago contido em suas mercadorias em dinheiro, e os derrotados, todos os demais frustados em seus idênticos ideais (MELLO, 200, p. 100).
A lição também é simples: vence quem investe e negocia melhor. Maracanã, Transcarioca, Pão de Açúcar e Museu do Amanhã são encaradas como propriedades que, com a dose certa de investimento e “faro” para os negócios, podem gerar grandes rendimentos; privados, é claro.
Perde a educação pública, gratuita e de qualidade, com mais um golpe desferido por políticas de tabuleiro.
1 Aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Referências
MARTINS, Felipe. No Rio, Paes distribui nas escolas "Banco Imobiliário" que exalta suas obras. UOL Educação, Rio de Janeiro, 22 fev. 2013. Disponível em: <http://politicaseducacionaisnaimprensa.blogspot.com.br/2013/02/no-rio-paes-distribui-nas-escolas-banco.html>. Acesso em: 23 fev. 2013.
AGÊNCIA estado. Paes distribui Banco Imobiliário com obras de sua gestão. A Cidade, Ribeirão Preto, 21 fev. 2013. Disponível em: <http://www.jornalacidade.com.br/editorias/politica/2013/02/21/paes-distribui-banco-imobiliario-com-obras-de-sua-gestao.html>. Acesso em: 24 fev 2013.
MELLO, Alex Fiuza. Capitalismo e Mundialização em Marx. São Paulo: Perspectiva. Belém: SECTAM, 2000.
SEPE-RJ. Joguinho da prefeitura do Rio tem má repercussão nacional. Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ, Rio de Janeiro, 22 fev. 2013. Disponível em: <<http://www.seperj.org.br/ver_noticia.php?cod_noticia=3767>>. Acesso em 23 fev 2013.
5 de abr. de 2013
O Público é nosso*
Miquéias Miranda[i]
O
atual contexto da educação brasileira é marcado pelas condições de
desigualdades sociais presentes na sociedade. Algo que os acontecimentos
cotidianos, noticiados nos muitos veículos de informação, podem corroborar. E
em meio a todas as problemáticas constatadas, é válido destacar o descaso com o
público, com a saúde pública, com a segurança pública, mas, neste trabalho, especialmente,
com a educação pública.
Altos índices de evasão por parte dos
alunos. Falta de infraestrutura, rendimentos baixíssimos do ensino,
desvalorização do professor enquanto profissional. Fatos que podem ser citados
desde já, dentre uma série de outras dificuldades enfrentadas. Sem falar que a
gestão da educação é vista como estratificadora e mantenedora de relações de
dominação. Levando em conta os períodos histórico-educacionais são observadas
as condições restritivas e hierarquizadas que permeiam a constituição do
sistema educacional.
Como se não bastassem, ainda importa ressaltar
como a noção e percepção que as pessoas têm do público interfere muito nisso,
pois pelo que se entende grande parte da sociedade não compreende que o público
é do povo, e que, portanto lhe pertence.
Persiste certa suspeita, tamanha é a alienação e violência contra a
população, que faz possível pensar um imaginário coletivo brasileiro marcado
pelo não reconhecimento do público como do povo, dos cidadãos. Isso a médio e
longo prazo contribui com a indiferença da grande massa no que diz respeito a
questões importantes como a educação pública.
As escolas públicas de ensino
fundamental do Ceará estão passando por um período de baixa nas inscrições. O
número de matrículas caiu 16% em três anos. Os pais alegam realizar um
sacrifício maior, mas preferem colocar seus filhos na rede privada. A rede
pública local vem sendo questionada, desde então, quanto a sua validade e
atuação na formação dos alunos.
Alternativa
como esta, assumida pelos pais dos alunos no Ceará serve, a princípio, para
retratar o modo como os brasileiros enxergam as relações que têm com o público.
A superação do número de matriculados no ensino privado em detrimento do
público mostra, para além das atuais condições de precariedade,
desqualificação, falta de infraestrutura, o modo como o público vem sendo visto
pelos cidadãos. Isso porque quando há o reconhecimento de que o pertencimento
das escolas públicas é do povo, mobilizações são mais suscetíveis de acontecer.
Havendo consciência, ações em defesa da educação ocorrem com mais frequência e
força. Uma articulação entre os diferentes setores tem mais condições de
promover mudanças relevantes na realidade presente. Afinal, a tendência dos indivíduos é lutar
pela garantia de seus direitos.
Quando a rede pública de
Ensino não atende o desejo dos pais em relação à qualidade, assiduidade dos
Professores ou à estrutura física, muitos acabam sacrificando-se para pagar uma
Escola privada. Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação (SME), a rede
privada supera a pública em relação à quantidade de Alunos matriculados no
Ensino fundamental. (CAMILA, Karla. 2013)
No trabalho
Educação, Pobreza e Desigualdade no
Brasil, Ranilce contribui no desvelamento dos interesses predominantes na
gestão da educação, que agravam a situação de indiferença por parte da
população mais humilde no que diz respeito à ideia geral do caráter das coisas públicas.
Desde os primórdios da educação no Brasil colônia que há uma clara distinção
entre a educação feita para as elites e educação para as massas. Se hoje existe
alguma preocupação das grandes corporações e empresas quanto ao retrocesso na
educação, é algo que está mais relacionado com as possíveis perdas (de classe
e, portanto, grupo dominante) do que numa real preocupação com o rumo da
educação brasileira.
Educar para a cidadania crítica e para a
emancipação popular em um país cuja história é marcada pela desigualdade
social, certamente, representa um grande desafio. A educação brasileira esteve
sempre como um subproduto cultural histórico da dominação imposta de fora para
dentro, do centro para a periferia. O analfabetismo, a crise escolar e a
dificuldade de aprendizagem da maioria dos alunos evidenciam que a educação
nacional representa e sempre representou problema social grave que impede a
construção de uma nação efetivamente democrática. (GUIMARÃES-LOSIF, Ranilce. 2009.)
Em
tempos de falácias que tentam por em descrédito a possibilidade de uma educação
pública gratuita e de qualidade, talvez como meio de consubstanciar a busca de
alguns segmentos da sociedade por fazer da educação um serviço disponível num
mercado a ser consumido pelos que puderem pagar, é necessário à tomada de
consciência que a educação pública de qualidade é direito de todos, precisando
ser assegurado e consolidado.
Referências
-Diário Nordeste. Número
de matrículas cai 16% em três anos.
Karla Camila - 1/3/2013 - Ceará, CE. Disponível em http://politicaseducacionais
Karla Camila - 1/3/2013 - Ceará, CE. Disponível em http://politicaseducacionais
naimprensa.blogspot.com.br/. Acesso em 3 de Março de
2013.
- GUIMARÃES-LOSIF, Ranilce. Educação Pobreza e Desigualdade no Brasil, impedimentos para a
cidadania global emancipada. Liber Livro. Brasília, 2009.
3 de abr. de 2013
Educação, trabalho e as contradições da realidade brasileira*
Marcio A. Lauria de M. Monteiro[1]
Stephanie Christina Heyer Bustamante[2]
No presente trabalho
buscaremosrealizar uma breve discussãoda realidade brasileira atual a partir do
eixo “Educação e Trabalho”. Para tal, utilizaremos algumas reportagens recentes
sobre educação como uma forma de compararmos dados atuais com pressupostos
legais presentes nasLeis de
Diretrizes e Bases da educação Brasileira (LDB – BRASIL, 1996). Nossa
discussão terá por base os estudos de Azevedo (2011), Höfling (2001) e Martins
(2009).
A partir do Artigo II
da LDB, podemos verificar dois eixos através dos quais o tema “Educação e
Trabalho” é abordado na lei em questão: (1) educação como exercício de
cidadania e (2) educação como qualificação para o mercado de trabalho. A lei 9.394 procura garantir os fundamentos e
bases para que esses dois eixos sejam complementares. Contudo, o que
verificamos no decorrer das análises é a dicotomia entre educação acadêmica voltada para a classe média e alta, através de
cursos de nível superior e bacharelado, contrapondo-se a orientação ou estímulo
da educação técnicae/ou tecnológica
para setores sociais mais baixos.
Dessa forma, a formação
técnica ganha destaque como opção de educação paralela ao ensino médio, onde o
projeto de qualificação de mão-de-obra é privilegiado em detrimento da efetiva
inclusão de determinados setores sociais no nível superior de educação. Em muitos sentidos, isso é mais um aspecto
reprodutor da dualidade social que certos estudos indicam existir no sistema de
ensino brasileiro, dividido em setores para a população trabalhadora e de renda
inferior e de setores para as classes médias e altas (AZEVEDO, 2011).
O “boom” do crescimento
da oferta dos cursos técnicos promovidos pelo Estado através dos Centros
Federais de Educação Tecnológica(CEFET), Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET), assim
como por suas versões locais (i.g., Fundação
Apoio Escola Tecnológica Rio de Janeiro – FAETEC) ou mesmopor entidades
privadas como as pertencentes ao “Sistema S”, legitima o modelo de educação que
visa atender diretamente as necessidades de determinadas empresas privadas no
mercado de trabalho. Dessa forma, os cursos técnicos e tecnólogos aparecem como
opções de rápida inserção no mercado, se configurando cada vez mais como meros
espaços de formação de mão de obra.
É o que podemos depreender,
por exemplo, do seguinte trecho de uma notícia de 2012:
Alguns
cursos qualificam o jovem ou adulto a entrar direto no mercado de trabalho, com
conhecimento teórico e prático nas diversas atividades do setor produtivo. Há opções que duramapenas dois meses. (Jornal Hoje – G1 Globo.com, nossa ênfase)
Seguindo a tendência de
ampliar as possibilidades e ofertas educacionais, porém sem que isso implique
uma melhoria qualitativa do ensino ofertado, o Brasil também tem presenciado a
expansão de cursos superiores na modalidadede Ensino à Distância (EAD),
conforme relatado por Oscar Hipólito no jornal O Estado de São Paulo (2012).
Inserido no contexto
neoliberal, no qual o Estado não é o único responsável pela oferta educacional,
diversas empresas privadas ampliaram a oferta de cursos à distância voltados
para setores sociais que não conseguem inserção no nível educacional público ou
que já possuem emprego e não dispõe de oportunidades ou tempo para frequentarem
uma modalidade de ensino presencial.
Novamente, a ampliação
dessas ofertas é vista como forma de direcionar uma mão-de-obra (pré)existente
para qualificação de modo a atender a demanda do mercado capitalista. O tema da
educação à distância como uma nova realidade presente em diversos países,
transmite a responsabilidade da inserção social através da educação para
empresas privadas que detêm majoritariamente a maior oferta desses cursos.
Nota-se, assim, uma
competição pelo monopólio da educação, uma vez que ambas as esferas, pública e
privada, não detém a exclusividade na prestação do serviço.
Dessa forma, podemos
entender que a livre escolha que o indivíduo exerce entre as opções
educacionais existentes é, na verdade, condicionada ao lugar social que esse
indivíduo ocupa na estrutura social (HÖFLING, 2001, p. 38), sendo o resultado
alcançado vendido como produto da ideologia meritocrática.
Outro eixo de ação que
visa a não-modificação da estrutura educacional são as inúmeras realizações de
ações afirmativas, tanto para concursos
de nível médio/superior como em concursos em empresas de prestação de serviços
públicos.Estas ao nosso ver, são medidas paliativas e que não chegam sequer
perto da oferta de vagas necessária para que haja a propagandeada reparação
histórica a qual elas se destinariam, em termos de diminuição das desigualdades
sociais.
Uma reportagem de 2011
da Revista Veja relata o avanço da política de cotas para outras esferas além
da educacional (“[...]as
cotas não estarão mais restritas às universidades e incluirão ações no mercado
de trabalho”).
A partir dessa rápida exposição, podemos ver como que a grande
desigualdade social existente hoje no Brasil se reflete na relação entre
Educação e Trabalho.Ao mesmo tempo em que se produz e reproduz uma dualidade
dentro do sistema educacional, marcada por uma divisão social classista entre
as diferentes modalidades educacionais, também se fortalece cada vez mais a
lógica de uma educação rápida destinada à formação de mão de obra
(semi)qualificada.
Essa tendência ao fortalecimento de uma educação ditada pelas
necessidades do mercado e sua reprodução até mesmo dentro do sistema público de
ensino, é um indício da inserção cada vez maior dos interesses do empresariado
nas forças que ditam os rumos da educação brasileira. Por outras vias, Martins
(2009) já havia demonstrado essa tendência.
Consequentemente, podemos ver como que, na atual realidade brasileira, a
relação educação-trabalho é fortemente marcada pelos interesses de mercado e
como que ela reflete a estratificação social do país e a reprodução dessa
estratificação a partir da educação. Mais especificamente, práticas políticas e
econômicas que visam a colocação direta do indivíduo no mercado de trabalho,
estimulando o seu lugar de produtor e consumidor, mas não o de cidadão crítico.
Logo, concluímos que a articulação proclamada na lei entre a educação
“como exercício de cidadania” e como “qualificação para o mercado de trabalho”
ainda está muito longe de passar da retórica para a realidade.
Bibliografia
AZEVEDO,
Janete Maria Lins de. O Estado, a política educacional e a regulação do setor
da educação no Brasil: uma abordagem histórica. IN: Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos.
FERREIRA, NauraSyriaCarapeto e AGUIAR, Marcia Angela da S. (orgs.). São Paulo:
Cortez, 2011.
BRASIL. Lei
Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível
em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acessado em 3 de março
de 2013.
HÖFLING, Eloisa de Mattos. Estado e
Políticas (Públicas) Sociais. IN: Cadernos
Cedes, ano XXI, nº 55, novembro/2001.
MARTINS, André Silva. A educação básica
no século XXI: o projeto do organismo “Todos pela educação”. IN: Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 4, n.
1, p. 21-28, jan.-jun. de 2009. Disponível em
http://www.researchgate.net/publication/26848434_A_educao_bsica_no_sculo_XXI_o_projeto_do_organismo.
Acessado
em 3 de março de 2013.
Fontes
HIPÓLITO, Oscar. O Estado de São Paulo. Educação a distância: uma nova realidade.31/05/2012 - São
Paulo, SP. Disponível em http://politicaseducacionaisnaimprensa.blogspot.com.br/2012/05/educacao-distancia-uma-nova-realidade.html.
Acessado em 3 de março de 2013.
Jornal Hoje – G1 Globo.com. Formação técnica ganha destaque entre os
profissionais brasileiros.04/06/2012 - Rio de Janeiro, RJ.
Disponível em politicaseducacionaisnaimprensa.blogspot.com/2012/06/formacao-tecnica-ganha-destaque-entre.html?spref=tw.
Acessado em 3 de março de 2013.
Revista Veja. Cotas raciais podem
chegar ao mercado de trabalho. Da Redação
– 29/05/2012 – São Paulo, SP. Disponível em
http://politicaseducacionaisnaimprensa.blogspot.com.br/2012/05/cotas-raciais-podem-chegar-ao-mercado.html.
Acessado em 3 de março de 2013.
*Trabalho final da disciplina Educação Brasileira, prof. Armando Arosa, Período
2012/2, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[1] Graduando do 8º período do
Bacharelado e Licenciatura Plena em História da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (DRE 109060430).
[2] Graduanda do 9º período do
Bacharelado e Licenciatura Plena em História da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (DRE 108055270).
COMO A TECNOLOGIA PODE AJUDAR O ENSINO1
Mariana Apoteker2
Hoje em dia, não é mais necessário telefonar
para um restaurante a fim de pedir a comida, basta acessar o site pela internet
e fazer seu pedido; fazer compras no shopping está ficando ultrapassado, hoje,
as pessoas compram online; os telefones celulares são multifuncionais e a
função menos importante é a de fazer ligações - é a era dos smartphones - e os livros já não são os mesmos, eles
possuem uma versão digital. As novas
tecnologias invadiram o cotidiano da população que está cada vez mais
entusiasmada com os benefícios trazidos por elas. Não é difícil encontrarmos na
rua, no ônibus, no shopping, no supermercado, em um bar com os amigos, em uma
sala de espera de um consultório médico ou até mesmo, nos automóveis, vestígios
de tecnologia. Em toda parte, lá está ela como elemento integrante do dia-a-dia
dos cidadãos.
A
sociedade do século XXI segue conectada em tudo que acontece no mundo virtual e
esse fenômeno não se restringe aos adolescentes, todas as gerações estão
participando ativamente dessa febre tecnológica e para todo o lado, em qualquer
lugar, tem gente olhando a telinha de um smartphone, tablets, ipods e etc.
Nessa sociedade hitech, como e onde podemos encaixar uma escola que não seguiu o
mesmo ritmo de desenvolvimento e que possui traços extremamente tradicionais?
Crianças que usam aplicativos e jogos interativos em tablets e smatphones
conseguiriam ver um sentido na escola que estamos habituados? Segundo a
Diretora Pedagógica da Mind Lab, Sandra Garcia, (Revista Veja, 01/07/12)
Hoje, entrando no século XXI, a sociedade mudou e as necessidades são
outras. É imprescindível transformar a prática da sala de aula para dar conta
destas novas demandas e contemplar estes novos saberes sobre o aprender e o
ensinar(...).
Parte do fracasso escolar está relacionada à
desmobilização dos alunos dentro dessa estrutura tradicional, pois,
infelizmente, apesar do desenvolvimento do país, ainda estudamos em uma
instituição que foi fundada por jesuítas onde, em geral, encontramos uma
estrutura de ensino que impõem práticas tradicionais (salas de aulas com
quadro-negro a giz, carteiras individuais, avaliações individuais, organização
fragmentada e etc) e que não se encaixam nos padrões de vida da população atual.
É preciso aceitar a realidade vivida hoje pela sociedade e querer mudar, querer
melhorar desde sua organização até a maneira com a qual trabalhar os conteúdos
nas escolas.
A mudança no ensino está começando a acontecer
na rede de escolas municipais do Rio de Janeiro. A partir de abril desse ano,
as escolas municipais irão receber um kit (computador com acesso à Internet e
projetor) que será instalado em todas as salas de aula do 1o ao 5o
ano. Os adolescentes do 6o ao 9o ano já desfrutam da
novidade e aprovam a nova proposta de ensino. Com o kit, é possível aproximar
os conteúdos trabalhados em cada disciplina com a realidade dos estudantes, a
aula torna-se mais interativa e desperta interesse, e como resultado dessa
inovação “mudarão os materiais pedagógicos
e mudarão as competências dos estudantes. Os alunos do futuro serão pessoas criativas,
abertas e colaborativas” (COSTA, Gilberto. Agência Brasil, 30/06/12), conforme uma previsão feita pelo
professor da Universidade de Ottawa (Canadá), especialista em internet.
Os educadores também precisam participar
dessa mudança, já que, num mundo onde impera elementos tão inovadores, não há
mais necessidade de professores de informação, mas de professores do saber.
(CHARLOT, 2012)
O
professor do saber é um professor que ensina a entender o mundo, a entender a
vida, responder a perguntas. O professor da informação está historicamente
morto, porque nenhum professor pode entrar na concorrência com o Google.
É importante perceber que a tecnologia usada a
favor do ensino tem objetivo e não é apenas um elemento para mostrar
modernidade, mas uma maneira eficaz de ensinar de forma interativa e próxima do
mundo dos alunos proporcionando um ambiente personalizado e dinâmico, contrário
ao da escola tradicional.
Apenas a tecnologia não é capaz de acabar com
o fracasso escolar vivido hoje, ela é apenas um dos diversos instrumentos que
podem ser usados para a superação desse fracasso. É preciso, também,
compreender a necessidade de preparar os educadores para trabalhar com esse
modo inovador de ensino, para que haja sempre foco no conhecimento e pensamento
crítico dos estudantes.
1. Trabalho
de final de curso para a disciplina Educação Brasileira da Faculdade de Educação
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
2. Aluna
graduada em Letras Português-Francês da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Contato: apoteker.mariana@gmail.com
Referências:
Agência
Estado. Revista Veja. Tecnologia pode
ajudar na educação. – 01/07/2012 – São Paulo, SP. Disponível em: http://politicaseducacionaisnaimprensa.blogspot.com.br/ .
Acesso em: 07 de março de 2012.
Agência Brasil. Pierre Lévy prevê substituição do livro
didático e do caderno por computadores e tablets nas salas de aula. Gilberto
Costa. – 30/06/2012 – Brasília, DF. Disponível em: http://politicaseducacionaisnaimprensa.blogspot.com.br/ .
Acesso em: 07 de março de 2013.
O
Dia on line. Rede pública terá
tecnologia digital na alfabetização. André Balocco – 25/01/2013 – Rio de
Janeiro, RJ. Disponível em: http://politicaseducacionaisnaimprensa.blogspot.com.br/ .
Acesso em 07 de março de 2013.
RCE.
Revista Contemporênea de Educação no13. A mobilização no exercício da profissão docente. – janeiro/julho de
2012 - Bernard Charlot. Disponível em: http://www.revistacontemporanea.fe.ufrj.br/index.php/contemporanea/article/view/170/148 .
Acesso em: 08 de março de 2013.
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