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Politicas educacionais na imprensa

3 de abr. de 2013

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO PODEM ANDAR JUNTAS NO BRASIL?[1]


Lucas Rocha Orphão[2]

Ao observarmos atualmente a mudança de perfil dos jovens, percebemos a influência cada vez mais relevante da tecnologia em seu cotidiano. Inevitavelmente, o uso indevido de aparelhos celulares multifuncionais, equipados com câmeras e com acesso à internet, tablets, etc., podem sim dificultar, e muito, o trabalho do profissional de educação, seja ele professor ou coordenador pedagógico.
Entretanto, o professor precisa refletir sobre a melhor maneira de envolver e transmitir conhecimento servindo-se também de ferramentas que sejam próximas de seus alunos. Temos como exemplos recentes, várias instituições internacionais como o MIT, Harvard, Columbia e Stanford que buscam ampliar seus horizontes no que diz respeito ao acesso ao conhecimento e ao ensino e aderem a recursos tecnológicos, como podemos ver na matéria Recursos Educacionais Abertos podem globalizar a educação publicada pela página iG Último Segundo no dia 21 de fevereiro de 2013:
Recursos Educacionais Abertos são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros”. Cabem aí cursos inteiros ou parciais, livros ou capítulos, vídeos, artigos acadêmicos e aulas em qualquer formato, ou seja, tudo que serve para aprendizagem tem potencial para ser REA, basta estar online e sem bloqueio por senhas, proibições autorais ou formatos que dificultem o acesso. (RODRIGUES, Cinthia., 2013)
Algumas escolas europeias também já utilizam blogs e redes sociais em suas aulas para propor projetos com fins educativos, aproveitando também a troca de informações através do contato com outras escolas online.
No Brasil, algumas secretarias de educação já têm atentado para a necessidade de promover um ensino de qualidade utilizando a tecnologia a seu favor, como podemos perceber em um projeto piloto que prevê a utilização de tablets e smartphones além da parceria com universidades de Stanford e Harvard na matéria Rio de Janeiro terá escola integral focada em novas tecnologias publicada no Portal Aprendiz da Uol no dia 16 de novembro de 2012:
Uma escola onde o aluno será protagonista de sua formação, participando da construção do próprio saber e envolvendo-se nos processos de aprendizagem. É esta a ambição do Ginásio Experimental de Novas Tecnologias (GENTE), escola piloto de tempo integral que começa a ser implementada em 2013 na Rocinha, comunidade da zona sul carioca, pela Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio de Janeiro. (AQUISTAPACE, Flávio., 2012)
Apesar de todo o avanço proporcionado pelo uso da tecnologia, ela, por si só, não é suficiente para promover o desenvolvimento dos alunos, mas precisa-se de profissionais responsáveis pela condução e aplicação dessas ferramentas de maneira eficiente e responsável.
Infelizmente, antes de buscarmos meios de enriquecer e desenvolver o ensino através da tecnologia, não podemos ignorar a triste realidade que vive o nosso país com relação à educação. Não há infraestrutura básica na maioria das escolas públicas, sejam elas municipais ou estaduais. Sendo assim, não é difícil encontrar notícias que tratam do descaso do governo com a educação percebida principalmente com a falta de investimentos na manutenção de escolas e na remuneração de professores.
Uma reportagem publicada pela Agência Brasil no dia 21 de fevereiro de 2013 cujo título é CGU: falta de infraestrutura nas escolas é principal razão para metas do Proinfo não serem cumpridas denuncia, de maneira muito direta, o problema:
A falta de infraestrutura nas escolas é a principal razão para o não cumprimento das metas do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo) no período de 2007 a 2010, de acordo com relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) divulgado na última segunda-feira (19). Segundo a CGU, dos 56 mil laboratórios de informática que deveriam ser entregues no período, pouco mais de 12 mil não foram instalados e 27 mil, ou seja, menos da metade, encontram-se em funcionamento.
Nesta mesma reportagem, o site afirma que
apesar das escolas no momento do cadastro para o recebimento de laboratórios declararem a existência de infraestrutura adequada para instalação dos equipamentos, a falta de tal requisito motivou 66,07% das ocorrências de laboratórios entregues e não instalados, o que demonstra fragilidade nos controles da gestão por parte dos estados e dos municípios que receberem(sic) o laboratório do Proinfo.
Essa fragilidade no controle da gestão – por parte dos estados e municípios – reflete o tema abordado no texto Descentralização e desconcentração como estratégia para a redefinição do espaço público (VIRIATO, 2004) em que o governo central (federal) em vez de redistribuir e compartilhar responsabilidades visando um serviço educacional integrado com as esferas estaduais e municipais, tem apenas atribuído aos estados e aos municípios a execução de tais serviços, transferindo, assim, sua responsabilidade.
A partir desse modelo de gestão empreendido pelo governo federal, podemos ter esperança na resolução desses problemas de infraestrutura básica das instituições públicas por todo o Brasil? Podemos ter esperança em um futuro investimento no desenvolvimento de “tecnologias educacionais”?




Referência Bibliográfica
AQUISTAPACE, Flávio., Rio de Janeiro terá escola integral focada em novas tecnologias. Portal Aprendiz, 16/11/2012, Rio de Janeiro.

RODRIGUES, Cinthia., Recursos Educacionais Abertos podem globalizar a educação. iG Último Segundo, 21/02/2013, São Paulo.

TOKARNIA, Mariana., CGU: falta de infraestrutura nas escolas é principal razão para metas do Proinfo não serem cumpridas. Agência Brasil, 21/02/2013, Brasília.

VIRIATO, E. O. Descentralização e desconcentração como estratégia para redefinição do espaço público. In: LIMA, A. B. (org). Estado, políticas educacionais e gestão compartilhada. São Paulo: Xamã, 2004.



[1] Trabalho realizado como atividade para disciplina Educação Brasileira, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – 2012.2.
[2]  Estudante do 8º período do curso de Letras Português-Francês da Universidade Federal do Rio de Janeiro.