Lucas Rocha Orphão[2]
Ao
observarmos atualmente a mudança de perfil dos jovens, percebemos a influência
cada vez mais relevante da tecnologia em seu cotidiano. Inevitavelmente, o uso
indevido de aparelhos celulares multifuncionais, equipados com câmeras e com
acesso à internet, tablets, etc.,
podem sim dificultar, e muito, o trabalho do profissional de educação, seja ele
professor ou coordenador pedagógico.
Entretanto,
o professor precisa refletir sobre a melhor maneira de envolver e transmitir
conhecimento servindo-se também de ferramentas que sejam próximas de seus
alunos. Temos como exemplos recentes, várias instituições internacionais como o
MIT, Harvard, Columbia e Stanford que buscam ampliar seus horizontes no que diz
respeito ao acesso ao conhecimento e ao ensino e aderem a recursos tecnológicos,
como podemos ver na matéria Recursos
Educacionais Abertos podem globalizar a educação publicada pela página iG
Último Segundo no dia 21 de fevereiro de 2013:
Recursos
Educacionais Abertos são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em
qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados
de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros”.
Cabem aí cursos inteiros ou parciais, livros ou capítulos, vídeos, artigos
acadêmicos e aulas em qualquer formato, ou seja, tudo que serve para
aprendizagem tem potencial para ser REA, basta estar online e sem bloqueio por
senhas, proibições autorais ou formatos que dificultem o acesso. (RODRIGUES,
Cinthia., 2013)
Algumas
escolas europeias também já utilizam blogs e redes sociais em suas aulas para
propor projetos com fins educativos, aproveitando também a troca de informações
através do contato com outras escolas online.
No
Brasil, algumas secretarias de educação já têm atentado para a necessidade de
promover um ensino de qualidade utilizando a tecnologia a seu favor, como
podemos perceber em um projeto piloto que prevê a utilização de tablets e smartphones além da parceria com universidades de Stanford e
Harvard na matéria Rio de Janeiro terá escola integral focada em
novas tecnologias publicada no Portal Aprendiz da Uol no dia 16 de
novembro de 2012:
Uma
escola onde o aluno será protagonista de sua formação, participando da
construção do próprio saber e envolvendo-se nos processos de aprendizagem. É
esta a ambição do Ginásio Experimental de Novas Tecnologias (GENTE), escola
piloto de tempo integral que começa a ser implementada em 2013 na Rocinha,
comunidade da zona sul carioca, pela Secretaria Municipal de Educação
(SME) do Rio de Janeiro. (AQUISTAPACE, Flávio., 2012)
Apesar
de todo o avanço proporcionado pelo uso da tecnologia, ela, por si só, não é
suficiente para promover o desenvolvimento dos alunos, mas precisa-se de profissionais
responsáveis pela condução e aplicação dessas ferramentas de maneira eficiente
e responsável.
Infelizmente, antes de buscarmos meios
de enriquecer e desenvolver o ensino através da tecnologia, não podemos ignorar
a triste realidade que vive o nosso país com relação à educação. Não há infraestrutura
básica na maioria das escolas públicas, sejam elas municipais ou estaduais.
Sendo assim, não é difícil encontrar notícias que tratam do descaso do governo
com a educação percebida principalmente com a falta de investimentos na
manutenção de escolas e na remuneração de professores.
Uma reportagem publicada pela Agência
Brasil no dia 21 de fevereiro de 2013 cujo título é CGU: falta de infraestrutura
nas escolas é principal razão para metas do Proinfo não serem cumpridas denuncia, de maneira muito direta, o
problema:
A falta de infraestrutura nas escolas é a principal
razão para o não cumprimento das metas do Programa Nacional de Tecnologia
Educacional (Proinfo) no período de 2007 a 2010, de acordo com relatório da
Controladoria-Geral da União (CGU) divulgado na última segunda-feira (19).
Segundo a CGU, dos 56 mil laboratórios de informática que deveriam ser
entregues no período, pouco mais de 12 mil não foram instalados e 27 mil, ou
seja, menos da metade, encontram-se em funcionamento.
Nesta mesma reportagem, o site afirma que
apesar das
escolas no momento do cadastro para o recebimento de laboratórios declararem a
existência de infraestrutura adequada para instalação dos equipamentos, a falta
de tal requisito motivou 66,07% das ocorrências de laboratórios entregues e não
instalados, o que demonstra fragilidade nos controles da gestão por parte dos
estados e dos municípios que receberem(sic)
o laboratório do Proinfo.
Essa
fragilidade no controle da gestão – por parte dos estados e municípios –
reflete o tema abordado no texto Descentralização
e desconcentração como estratégia para a redefinição do espaço público
(VIRIATO, 2004) em que o governo central (federal) em vez de redistribuir e
compartilhar responsabilidades visando um serviço educacional integrado com as
esferas estaduais e municipais, tem apenas atribuído aos estados e aos
municípios a execução de tais serviços, transferindo, assim, sua
responsabilidade.
A partir desse
modelo de gestão empreendido pelo governo federal, podemos ter esperança na
resolução desses problemas de infraestrutura básica das instituições públicas
por todo o Brasil? Podemos ter esperança em um futuro investimento no
desenvolvimento de “tecnologias educacionais”?
Referência Bibliográfica
AQUISTAPACE,
Flávio., Rio de Janeiro terá escola integral focada em novas tecnologias. Portal Aprendiz, 16/11/2012, Rio de
Janeiro.
RODRIGUES,
Cinthia., Recursos Educacionais Abertos podem globalizar a educação. iG Último Segundo, 21/02/2013, São
Paulo.
TOKARNIA,
Mariana., CGU: falta de infraestrutura nas escolas é principal razão para metas
do Proinfo não serem cumpridas. Agência
Brasil, 21/02/2013, Brasília.
VIRIATO, E. O.
Descentralização e desconcentração como estratégia para redefinição do espaço
público. In: LIMA, A. B. (org). Estado,
políticas educacionais e gestão compartilhada. São Paulo: Xamã, 2004.